Idosa de 73 anos aprende a ler e escrever e sonha em fazer o Enem no Piauí

Além do ensino básico, a estudante revelou ainda o desejo de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mesmo sem saber ainda o curso para o qual deverá concorrer.

Maria das Graças, de 73 anos, irá concluir o ensino médio no final de 2023. — Foto: Governo do Piauí

 Maria das Graças, de 73 anos, irá concluir o ensino médio no final de 2023. — Foto: Governo do Piauí

No Piauí, Maria das Graças Alves da Silva, de 73 anos, irá concluir o ensino médio neste ano pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos). Ela precisou abandonar a escola quando criança, no segundo ano do ensino fundamental, e contou ao g1 a experiência de retornar aos estudos após os 70 anos, idade com que aprendeu de fato a ler e escrever.

“Estudar é gostoso. No colégio eu sou uma das mais idosas e me sinto muito bem com isso porque acabo sendo um exemplo e incentivo para os mais novos, inclusive para meus netos”, contou a mulher.

Além do ensino básico, a estudante revelou ainda o desejo de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mesmo sem saber ainda o curso para o qual deverá concorrer.

“Eu ainda penso em fazer o Enem quando concluir o ensino médio, para mostrar que sempre temos tempo para estudar", disse.

Maria das Graças relatou que passava um longo período sozinha em casa e por isso buscar uma escola que ofertasse o EJA.

Piauí com a maior taxa de analfabetismo em 2022

O caso de Maria das Graças é, infelizmente, uma realidade incomum para a educação básica do piauiense, já que muitos que abandonam a escola sem saber ler e escrever não retornam às salas de aula. O Estado teve a maior taxa de analfabetismo do Brasil em 2022, com 14,8%.

A faixa etária com maior proporção de pessoas analfabetas são os idosos: no Piauí, 40% deles não sabem ler e escrever. O índice nacional para esse grupo é de 16%.

Em todas as faixas etárias, as mulheres apresentam índice menor de analfabetismo. A maior diferença, 4,7%, acontece entre homens e mulheres com idade entre 40 e 59 anos.

Dia Mundial da Alfabetização

Nesta sexta-feira (8), é comemorado o Dia Mundial da Alfabetização. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1967, com o objetivo de incentivar o ensino. No entanto, dados alertam que 56% das crianças brasileiras não estão alfabetizadas.

A mestra em educação Artenilde Soares destacou que o Estado tem o dever de garantir o acesso à educação básica para a população na idade adequada.

“Precisamos cumprir as leis e o compromisso com essa parte da população que está fora, em maioria crianças periféricas pretas. O que está faltando é o compromisso do Estado em atender com qualidade essa pessoas”, disse Artenilde.

Como consequência do analfabetismo infantil, os dados também apontam altos índices de adolescentes e adultos analfabetos. Artenilde destaca que o ensino deve ser priorizado em todas as faixas etárias.

“Todo esse déficit na educação básica se prolonga até o ensino superior. É necessário que essa preocupação seja contínua, e que nos atentamos a todos os processos de letramento que começam aos quatro anos”, completou a metra em educação.

 

Fonte: g1PI

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