Vizinha deixa penitenciária após cinco meses presa; laudo descartou que cajus estivessem envenenados
Lucélia Maria da Conceição deixou a Penitenciária Feminina por volta das 19h desta segunda-feira (13) após uma decisão da justiça colocá-la em liberdade a partir de um laudo da perícia descartar a presença de veneno em cajus que teriam provocado a morte de duas crianças em Parnaíba.
Ela deixou a prisão sorrindo e acenando aos jornalistas. Lucélia falou rapidamente com a imprensa, dizendo que sempre esteve falando a verdade."Eu estava dizendo a verdade, mas ninguém acreditava. Só a minha família e o advogado", disse. Perguntada pra onde iria, ela respondeu que vai para a casa da família.
"Eu vou para casa da minha família, vou descansar em paz. Estou aliviada graças a Deus porque deu tudo certo!", declarou.
A mulher, de 58 anos, vai retornar a Parnaíba, cidade onde vive. Ela deve ficar na casa de parentes, já que teve a casa destruída por vizinhos, que incendiaram o local após as denúncias iniciais de que ela havia colocado veneno em cajus e dado a Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos. Eles foram hospitalizados, mas não resistiram e morreram. Os exames periciais confirmaram a presença de veneno no estômago das crianças e, segundo a polícia, uma vistoria identificou a presença de veneno na casa da suspeita. No entanto, o exame de análise dos cajus só foi feito agora.

Lucélia Maria estava presa há cinco meses - a prisão em flagrante ocorreu no dia 23 de agosto. A prisão foi convertida em preventiva. Em outubro, a polícia concluiu o inquérito e indiciou Lucélia por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, além da qualificadora de motivo torpe.
O advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, falou com a imprensa momentos antes da soltura de Lucélia, e disse que ela sempre se declarou inocente.
"Tem uma pessoa que está presa lá dentro, que foi lançada na cova dos leões desde o primeiro momento e aqui não é sensacionalismo, eu estou em busca de que se faça justiça à Lucélia. Porque desde o primeiro momento ela se declarou inocente, (...) nós temos uma audiência de instrução e julgamento no dia 23 deste mês e com clareza solar deve emergir nos autos, deve a verdade está gritando para que ela pareça e todos escutem a história da Lucélia", disse.
Foto: TV Cidade Verde

O advogado também disse que houve "falta de profundidade" nas investigações que chegaram à conclusão de que Lucélia havia colocado veneno em cajus.
"Falta de profundidade nas investigações, falta de contundência nos elementos probatórios, tanto é que a prova robusta está surgindo agora e sempre foi confrontado, desde o primeiro momento a defesa confrontou essa situação", declarou.
Decisão judicial determinou soltura após laudo descartar veneno em cajus
A juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, acatou o pedido de soltura do Ministério Público após o laudo pericial apontar que os cajus que ela teria entregue aos meninos não estavam envenenados. O Instituto de Criminalística realizou, inicialmente, exames nos corpos dos dois irmãos que apontou a presença do terbufós, um veneno usado como praga para plantas. Faltava o exame nos cajus que saiu cinco meses após a morte dos garotos.
O inquérito policial já havia sido finalizado e Lucélia permanecia presa. A audiência de instrução e julgamento está marcada para o dia 23 de janeiro. No entanto, cinco meses após o envenenamento das crianças, um novo caso de envenenamento na família provocou a morte de outras quatro pessoas - a mãe dos dois garotos, Francisca Maria, e outros dois irmãos deles. Além deles, um tio deles também morreu.
A polícia acredita que Francisco de Assis Pereira, de 52 anos, foi o responsável por colocar veneno no arroz que a família almoçou em 1º de janeiro deste ano. Ele era padrastro de Francisca, mãe das crianças que morreram, e de Manoel, que também morreu no caso do envenenamento. As investigações apontaram que ele teria "desprezo" pela enteada e pelas crianças.
O advogado Sammai Cavalcante disse durante a entrevista à imprensa que acredita que o suspeito de agora tem mais elementos que indiquem a relação com os crimes do que a cliente. Ele disse que Lucélia não conhecia a Francisca, e que a própria Francisca confirmou isso durante seu depoimento à época das investigações do inquérito policial.
"O novo suspeito, ao contrário da Lucélia, foi categórico no depoimento dele, em mostrar total desprezo pela vítima Francisca, pelos filhos dela e sim, no meu entender, na minha modesta opinião, como advogado, ele deveria passar pelo exame de sanidade mental para saber qual tipo de diretriz aquele cidadão tem em relação a doenças mentais porque eu acho que ele tem um comportamento errático, ele tratou as vítimas da maneira que tratou, todos aqui são pessoas da imprensa, são instruídos e têm alta competência para ler, fazer a leitura do posicionamento do outro acusado, e lá do outro, tem a Lucélia, nunca teve problema com a senhora Francisca também vitimada, nem conhecia a Francisca, a Francisca arrasou isso no seu próprio depoimento policial, então tudo que aconteceu foi um grande amaranhado de acontecimentos que se traduziram em um processo penal que está sendo confrontado. Enquanto você acredita em uma coisa, se você começar a acreditar em uma coisa e não tiver prova daquilo, isso a neurocínio se explica, você começa a criar um viés de confirmação", declarou o advogado.
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