Advogados são investigados em Teresina por produzirem dossiês falsos contra desembargadores do TJPI

Segundo a polícia, eles falsificavam documentos para coagir os membros da Corte de Justiça e faziam denúncias falsas em órgãos nacionais.

Foto: Reprodução

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A Polícia Civil deflagrou nesta semana uma operação para desarticular suposto esquema de cometimento de crimes contra desembargadores do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI). Um grupo de advogados é investigado em Teresina por suspeita de produzir documentos falsos contra os membros da Corte de Justiça com o objetivo de coagi-los. A informação foi confirmada pela própria Secretaria de Segurança nesta manhã (21).

Foram cumpridos diversos mandados de busca e apreensão em residências e escritórios de dois advogados investigados no inquérito conduzido pela Diretoria de Operações Policiais (DEOP) da Polícia Civil. De acordo com o coordenador do DEOP, delegado Tales Gomes, a investigação começou depois do aparecimento de indícios de denúncias caluniosas contra um servidor do TJ e coação no curso do processo. 

O delegado Tales Gomes, que chefia a investigação detalhou ao Portal O Dia como os advogados coagiram os juízes.

“A investigação foi iniciada através de um requerimento de um juiz aqui de Teresina, que foi, juntamente com uma magistrada e um desembargador. Foi instalada um inquérito, a gente mandou até uma intimação para essa pessoa que fez essa denúncia. Dias depois, ela fez um pedido de retratação lá no CNJ, dizendo que, em linha geral, era para desconsiderar essa denúncia que teria sido feita. Paralelo a isso, esse advogado que fez a denúncia fez afirmações no sentido de que o juiz que registrou o boletim de ocorrência junto a um determinado desembargador, estaria influenciando no processo. Nesse caso aí, já teria configurado um crime de calúnia”, explicou.

“Agora, na semana passada, um advogado que teria uma apelação no processo em que ele é parte, procurou atendimento no desembargador que seria o responsável por esse julgamento e em determinado momento da conversa botou um suposto dossiê na mesa do desembargador onde constam várias denúncias. O desembargador se sentiu coagido e procurou a delegacia, prestou informações e apresentou essa documentação - o suposto dossiê - que também foi postado em grupos de WhatsApp onde tem advogados e jornalistas daqui de Teresina. Tudo isso está sendo objeto de investigação. A gente também já marcou o interrogatório dos advogados para amanhã”, detalhou o delegado.

Delegado Tales Gomes, diretor de Operações Especializadas da Polícia Civil. - (Assis Fernandes/O Dia)
Assis Fernandes/O DiaDelegado Tales Gomes, diretor de Operações Especializadas da Polícia Civil.

Foram apreendidos equipamentos de informática, aparelhos celulares e algumas documentações que serão anexadas nas investigações. Tales Gomes não descartou a possibilidade de prisões dos envolvidos. "Em função do que foi apreendido e dos interrogatórios que foram feitos, caso haja questão da necessidade de cumprimento de alguma prisão, a gente vai representar ao Poder Judiciário”.

As pessoas que estavam nos grupos de Whatsapp, tanto advogados quanto jornalistas, e que replicaram os dossiês falsos, também poderão responder por calúnia. “Em tese, pode configurar a questão da calúnia também a partir do momento que você propaga a informação que você sabe ser falsa. Então, eu recebo a informação e divulgo ela, principalmente num grupo de WhatsApp, que tem grande amplitude, você está ali potencializando aquele dano na imagem da pessoa", finalizou o delegado responsável pela investigação. 

 

Fonte: Odia

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