Presidente do Grupo CEV fala pela 1ª vez após morte de aluna e faz apelo aos pais
O presidente do grupo CEV reforça que tentou contato com os pais de Alice e que até o momento tem recebido silêncio.
O presidente do grupo CEV, Rafael Lima, concedeu entrevista na tarde desta segunda-feira (11), seis dias após a morte da estudante Alice Brasil, de 4 anos, na brinquedoteca da unidade Kennedy, na zona Leste de Teresina. Ele disse que toda a escola tem respeitado o momento de dor imensurável dos pais e fez um apelo em busca de um "momento “individual” com a família da menina.
“Todas as nossas ações, o momento da nossa nota, sempre foi exclusivamente pensando no bem-estar da família da Alice, do Claudio e da Dayana (pais de Alice). Participamos do velório, participamos do sepultamento, iremos participar das missas de forma silenciosa. No próprio IML, falei com diversos familiares, coloquei meus contatos à disposição. Tentamos contato direto, com a própria Daiane, com o próprio Cláudio, meu celular particular, sempre à disposição para que eles pudessem nos receber. É um momento de cura e nós queremos ter a oportunidade de falar com eles, de pedir o nosso perdão por essa fatalidade ter acontecido em nossa escola e de colocar à disposição tudo o que a gente puder fazer para os apoiar”, informou o presidente do grupo CEV.
Segundo a escola, Alice Brasil estava na sala de brinquedos, juntamente com mais quatro crianças, entre elas, seu irmão gêmeo e duas professoras, quando uma das crianças entrou embaixo de uma penteadeira que caiu atingindo Alice.
Ela foi levada pelas professoras até a enfermeira que, ao verem a gravidade da situação, ligaram para o Samu e se dirigiram a uma unidade de saúde mais próxima, no bairro Satélite. Contudo, antes de chegarem, a criança foi transferida para uma ambulância de UTI Móvel, onde profissionais passaram cerca de 40 minutos tentando reanimá-la, mas não tiveram sucesso.
"Acompanhamos toda a prestação de socorro. Orientamos a equipe a entrar em contato com a família e informar tudo o que estava ocorrendo e onde estávamos. A primeira pessoa a conseguir falar com a família foi a professora titular da turma. Quando a ambulância nos encontrou, enviei a localização, aguardamos e recebemos a família. Durante todo o processo, sempre foi informado onde estávamos e sempre em contato com as pessoas que estavam prestando socorro, os médicos, e as pessoas ligadas àquele momento", relatou Viviane Vieira, diretora de Educação Infantil.
Ela conta que acompanhou o atendimento à criança, juntamente com o diretor da unidade Kennedy, João Paulo Lelis, além de professores e coordenadores que teriam prestado apoio à família.
"Cheguei ao local onde estava a ambulância, praticamente junto com a mãe. Fiquei o tempo todo ao lado do pai, fizemos orações. Dei suporte a mãe que estava também muito preocupada com o irmão gêmeo da Alice. Conversei com eles, me coloquei à disposição até que chegou o momento que precisamos respeitar o momento da família", completou Lelis, diretor da unidade Kennedy.
INVESTIGAÇÃO POLICIAL
Os quatro funcionários que presenciaram a tragédia já prestaram depoimento. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) investiga o caso e aguarda os resultados dos laudos cadavérico, de local de crime e das imagens das câmeras de segurança. De acordo com a escola, as imagens foram entregues à Polícia Civil e a família um dia após o caso.
"As filmagens foram entregues com menos de 24 horas para a polícia e estão disponíveis para a família. Já desde aquele momento, desde quarta-feira. Acolhemos também os nossos funcionários que estavam em choque, que vivenciaram aquele momento, para que pudessem dar o depoimento, como a família nos pediu. E foi o que a gente conseguiu prestar de apoio até o momento para a família. É um momento de cura e nós queremos ter a oportunidade de falar com eles, de pedir o nosso perdão por essa fatalidade, por ter acontecido em nossa escola e de colocar à disposição tudo o que a gente puder fazer para apoiá-los", disse o presidente do grupo.
O presidente do grupo CEV reforça que tentou contato com os pais de Alice e que até o momento tem recebido silêncio.
"Todas as mensagens da gente (os pais) silenciam e é um silêncio angustiante para nós também. Nós queremos conversar com eles, nós queremos falar com eles, é por isso que a gente está nesse pedido aqui. Não foram poucas as tentativas: a gente falou com vários familiares, várias pessoas que a gente sabe que são próximas para tentar ser essa ponte. Mas, infelizmente, o único retorno que tivemos é que só gostariam de falar conosco após a missa de Sétimo Dia. Foi o único retorno que tivemos direto. (...) E a gente esperou esse momento para ser um momento que a gente achava adequado para ter esse encontro. Mas todas as informações, tudo que foi solicitado, sempre teve à disposição através da polícia, ou diretamente da família”, disse.
A brinquedoteca já foi desativada. O móvel que caiu sobre a aluna estava no local há cerca de dez meses.
Rafael Lima disse ainda que o colégio só havia se manifestado por meio de nota em respeito à família e ao luto que toda a comunidade está passando.
“Em respeito à família, nós todos estamos passando por um luto tremendo. Não achem, é muito duro a gente escutar, que é através de uma nota. Imagina que temos mil funcionários aqui para cuidar. Professora Viviane, professor João Paulo, acompanharam a pior cena que nossos 20 anos de história, a gente nunca imaginou que teria que passar. E a gente passou. E a gente está com pessoas em choque, pessoas afastadas, porque a gente acredita que é um momento que a gente tem que dar um tempo, um momento de cada coisa. Os pais falaram que a morte da Alice não será em vão e nós também não queremos que seja. Tudo o que for possível fazer de medida de segurança, vamos apoiá-los. O que precisar ser feito para que a tragédia não se repita, não vamos medir esforços para fazer. Peço ao Cláudio e a Daiane a oportunidade de sermos recebidos, no momento em que eles quiserem, onde eles quiserem, com as pessoas que eles quiserem. A gente já pediu perdão em nota, já nos solidarizamos, mas acredito que nada vai substituir um abraço, um aperto de mão", finalizou Lima.
Fonte: Cidade Verde
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