Vereadora presa fez chamadas de vídeo com companheiro, pediu delivery e pesquisou passagens aéreas, diz PF
Capturas de tela extraídas do celular de Tatiana Medeiros (PSB), apreendido pela polícia no local em que ela estava presa, e obtidas pela TV Clube, mostram os registros. Ela e o companheiro são acusados de corrupção eleitoral e organização criminosa.
A vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa desde abril sob acusação de corrupção eleitoral e organização criminosa, fez pelo menos três chamadas de vídeo com o companheiro, também preso e acusado dos mesmos crimes, enquanto estava detida no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, em Teresina.
Capturas de tela extraídas do celular de Tatiana, apreendido pela PM no QCG, e obtidas pela TV Clube junto à Polícia Federal mostram os registros das chamadas (veja abaixo).
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Em nota divulgada à imprensa, a Polícia Militar declarou que "agiu de forma diligente ao localizar e apreender os dispositivos eletrônicos e encaminhá-los" à PF.
Ao g1, o advogado da vereadora, Francisco Medeiros, informou que "qualquer tipo de comunicação com a parlamentar foi tratada com o mais absoluto profissionalismo, no que preceitua o devido processo legal, garantindo a sua constituinte um julgamento justo, imparcial e transparente".
Procurado, o advogado do companheiro de Tatiana, Wildes Próspero, afirmou que só pretende se manifestar sobre "imputações feitas aos clientes" nos autos do processo.
Delivery e passagem aérea
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O documento da PF revela ainda que Tatiana fez um pedido de compra, de mais de R$ 500, em um supermercado de Teresina, e o pedido foi entregue em um lugar não identificado (confira acima).
Ela também pesquisou o valor de uma passagem aérea de Belo Horizonte (MG) para Teresina, para 27 de maio, para um passageiro adulto (veja abaixo). O companheiro dela, Alandilson Cardoso, está preso desde novembro de 2024 na capital mineira.
Uma conversa de Tatiana com um de seus advogados, tio da parlamentar, indica que ele procurava uma certidão a ser assinada por ela e levada à Câmara Municipal de Teresina. Além das mensagens, os dois fizeram ligações de áudio.
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Celular foi entregue a advogado
Segundo a Polícia Federal, o celular de Tatiana foi entregue a um advogado após sua prisão, realizada em 3 de abril. No entanto, ela usou o aparelho na Sala de Estado Maior do QCG entre 7 de abril e 20 de maio.
Nesse período, mais de 1.500 mensagens foram trocadas. A investigação policial não aponta quem devolveu o dispositivo à vereadora.
Para o advogado eleitoral Welson Oliveira, as capturas de tela reveladas pela PF podem “repercutir negativamente” na prisão domiciliar concedida a Tatiana na última terça-feira (3).
“O fundamento [da decisão judicial] foi o estado de saúde dela. Se alguma dessas provas foi no período em que ela teve o problema de saúde, isso pode gerar uma possível revogação da prisão domiciliar”, avalia o advogado.
Prisão e afastamento de cargo
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Tatiana Medeiros foi presa pela Polícia Federal em 3 de abril, durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral. A PF apontou que a campanha que a elegeu para a Câmara de Teresina, em outubro de 2024, foi custeada com "recursos ilícitos de uma facção criminosa".
Além da prisão preventiva, a Justiça Eleitoral determinou também o afastamento dela do cargo de vereadora. Na quarta-feira (4), o suplente da parlamentar, Leondidas Júnior (PSB), assumiu a vaga após 60 dias da medida cautelar, conforme prevê o regimento interno da Câmara.
Em 22 de maio, Tatiana, Alandilson e outras sete pessoas — incluindo familiares e assessores da vereadora — foram tornadas réus pela Justiça por corrupção eleitoral, organização criminosa e outros crimes.
Durante os dois meses em que esteve detida no Quartel do Comando Geral, Tatiana passou mal e foi internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e Hospital da Polícia Militar (HPM).
Devido ao seu estado de saúde, a juíza da 1ª Zona Eleitoral de Teresina, Junia Maria Feitosa, converteu a prisão preventiva da parlamentar em prisão domiciliar na última terça.
Leia a íntegra da nota da Polícia Militar:
A Polícia Militar do Piauí informa que, no âmbito do caso envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros, não realiza a custódia de presos civis em ambientes administrativos, a exemplo do Quartel do Comando-Geral, e o faz sob decisão judicial. A corporação agiu de forma diligente ao localizar e apreender os dispositivos eletrônicos encontrados com a vereadora e encaminhá-los à Polícia Federal.
O caso segue sob a responsabilidade da Polícia Federal, que conduzirá as investigações e responderá aos questionamentos da imprensa.
Fonte: G1PI
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